segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Febre Maculosa



Febre Maculosa


INTRODUÇÃO


Apesar de conhecida há muito tempo, a Febre Maculosa vem atualmente despertando preocupação de profissionais da saúde e de entidades governamentais responsáveis pela vigilância e controle epidemiológicos em diversos estados da federação, notadamente em São Paulo. O crescente número de casos suspeitos e os óbitos confirmados pela doença fazem com que seja dado um alerta para que toda a comunidade tome providências, principalmente no que se refere a medidas educativas de prevenção.
O envolvimento do Médico Veterinário nessa questão relaciona-se ao fato de que a Febre Maculosa é transmitida dos animais para o homem, constituindo uma importante zoonose e, neste contexto, é preciso conhecer amplamente os aspectos biológicos dos vetores, o modo como a doença é transmitida, seus hospedeiros, os aspectos clínicos e laboratoriais para diagnosticá-la, e baseado nessas informações, adequar um programa de profilaxia junto a propriedades e proprietários de animais que tenham contato com carrapatos, principalmente em áreas onde já foram identificados e comprovados casos da doença. Este texto tem como objetivo levar ao profissional Médico Veterinário uma revisão a respeito dos principais aspectos relacionados a doença com o intuito de atualizar e alertar sobre o seu importante papel no controle da Febre Maculosa.




EPIDEMIOLOGIA
A Febre Maculosa é uma doença antiga, tendo seu primeiro relato em indíviduos da região montanhosa do noroeste dos Estados Unidos em 1899, por esta razão é chamada naquele país de Febre das Montanhas Rochosas. Na década de 30 é identificada em alguns locais do Canadá, México, Panamá e Colômbia. No Brasil o primeiro caso foi reconhecido em 1929, em São Paulo e desde então, já foi registrada em outros estados brasileiros como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e, mais recentemente, Santa Catarina.
A doença também é chamada de Febre Maculosa Brasileira, Febre Maculosa de São Paulo, Febre do Carrapato ou Febre Negra. Segundo a Superintendência de Controle de Endemias de São Paulo (SUCEN), até a década de 80 foram diagnosticados casos isolados em municípios vizinhos da cidade de São Paulo, como Mogi das Cruzes, Diadema, Santo André e Pedreiras. A partir de então novos casos foram detectados em Jaguariúna, Campinas, Valinhos, Líndóia e Paulínia. Em junho deste ano causou a morte de três pessoas na cidade de Mauá e, apenas no mês de setembro, foram registrados 80 casos suspeitos de Febre Maculosa em Piracicaba. A doença foi declarada de notificação compulsória nestas regiões, seguindo as orientações do Ministério da Saúde. 
Em Minas Gerais, tem sido comum a ocorrência de casos isolados em áreas colonizadas, idependente de contato com a mata, ou foco natural da doença, além da forma epidêmica com elevado número de óbitos. Essa ocorrência, sob a forma de epidemia, pode ser verificada, em 1981, em Grão Mogol, Vale do Jequitinhonha; em 1984 no Vale do Mucuri, nos municípios de Ouro Verde de Minas e Bertópolis; em 1989, em Virginópolis - Vale do Rio Doce; em 1992, na periferia de Caratinga. Os casos isolados ou de ocorrência em pequeno número, mas de alta letalidade, têm ocorrido em todo o Estado, com exceção do sul de Minas e Triângulo Mineiro, com predominância nos Vales do Mucuri, Jequitinhonha e Rio Doce e na periferia de grandes cidades como Juiz de Fora e Belo Horizonte, em 1997.
A Secretaria de Vigilância do Ministério da Saúde foi informada da ocorrência de três casos com evolução para óbito, de pacientes residentes no Rio de Janeiro, que estiveram na região serrana do Estado, na área rural do município de Petrópolis. O diagnóstico realizado no laboratório de referência da FIOCRUZ RJ, confirmou tratar-se de febre maculosa. 


ETIOLOGIA, VETORES E RESERVATÓRIOS
A Febre Maculosa constitui uma zoonose e se não for diagnosticada e tratada a tempo pode levar o homem a óbito. É causada por uma bactéria denominada Rickettsia rickettsii, um microorganismo gram-negativo intracelular obrigatório, que tem como vetores os carrapatos infectados do gênero Amblyomma, como o Amblyomma striatum, comum em cães, Amblyomma brasiliensis e Amblyomma cooperi, mas principalmente o da espécie Amblyomma cajennense, que são conhecidos por "carrapato estrela", "carrapato do cavalo" ou "rodoleiro"; suas larvas são conhecidas por "carrapatinhos" ou "micuins" e as formas mais jovens (ninfas) por "vermelhinhos".


Os Amblyommas, pertencentes a família Ixodidae, são carrapatos trioxenos ou seja, precisam de três hospedeiros para completar a fase parasitária, sendo, um para larva, um para a ninfa e outro para o estágio adulto. De modo geral, os estágios de larva e ninfa são os que apresentam menor especificidade parasitária, podendo parasitar diferentes espécies, desde aves até mamíferos de diferentes tamanhos. Já o estágio adulto apresenta maior especificidade parasitária, restrita a algumas espécies. Tal comportamento faz dos carrapatos trioxenos os de maior importância na transmissão de patógenos na natureza, pois o fato de parasitarem espécies diferentes facilita o intercâmbio de agentes causadores de doenças entre os hospedeiros. 
Dada a menor especificidade parasitária das larvas e ninfas, estes são os principais estágios que parasitam os seres humanos. O exemplo  clássico é o da espécie Amblyomma. cajennense. Larvas e ninfas desta espécie podem parasitar várias espécies de animais, inclusive humanos. O estágio adulto é mais específico de grandes mamíferos tais como eqüinos, antas e capivaras e, eventualmente, quando as populações desse carrapato se apresentam muito numerosas, é que irá parasitar outros mamíferos inclusive humanos. No caso dos carrapatos trioxenos, tanto as larvas, como as ninfas e adultos são estágios de resistência no ambiente, já que terão uma sobrevida dependente das reservas energéticas adquiridas do estágio anterior do ciclo da vida. O adulto é o estágio que por mais tempo consegue sobreviver sem que encontre um hospedeiro, seguido pela ninfa, e por último, a larva, que apresenta a menor sobrevida sob jejum. De modo geral, os adultos de Amblyomma spp podem sobreviver em jejum, sob condições naturais, por 12 a 24 meses, a ninfa por até 12  meses e larvas 6 meses. 



CARACTERÍSTICAS BIOLÓGICAS DO Amblyomma cajennense 
As fêmeas depois de fecundadas e ingurgitadas (teleóginas) desprendem-se do hospedeiro e caem na vegetação do solo, onde cerca de 12 dias depois, inicia-se o período de oviposição. Neste período uma única fêmea ovipõe em torno de 5 mil ovos, ao longo de 25 dias, finalizando com a sua morte. Após o período de incubação (30 dias em média à temperatura de 25°C) ocorre a eclosão dos ovos e o nascimento das larvas (hexápodes) com aproximadamente 95% de larvas viáveis. As larvas sobem e descem a vegetação, conforme variações ambientais, até o encontro do primeiro hospedeiro, onde realizam o repasto de linfa, sangue e/ ou tecidos digeridos, por 3 a 6 dias. Em seguida desprendem-se do hospedeiro e buscam abrigo no solo onde, num período de 18 a 26 dias, ocorre a ecdise transformando-se no estágio seguinte (ninfa). As ninfas (octópodes) fixam-se em um novo hospedeiro e durante 5 a 7 dias ingurgitam-se de sangue. Assim como no estágio larval, as ninfas encontram abrigo no solo e sofrem nova ecdise após 23 a 25 dias, transformando-se nos carrapatos adultos que dentro de 7 dias já estão aptos para parasitar novos hospedeiros. Uma vez no hospedeiro os carrapatos machos e fêmeas fazem o repasto tissular e sanguíneo, ocorrendo o acasalamento. A fêmea fertilizada inicia o ingurgita-mento que termina em 10 dias aproximadamente. A partir de então a fêmea solta-se da pele do hospedeiro, vai ao solo e dá início a uma nova geração. O Amblyomma cajennense completa uma geração por ano, mostrando os três estágios parasitários marcadamente distribuídos ao longo do ano, sendo larvas de março a julho, ninfas de julho a novembro e adultos de novembro a março. 
O Amblyomma cajennense é responsável pela manutenção da Ricketisa rickettsii na natureza, pois ocorre transmissão transovariana e transestadial. Esta característica biológica permite ao carrapato permanecer infectado durante toda a sua vida e também por muitas gerações após uma infecção primária. Portanto além de vetores os carrapatos são os principais reservatórios da Rickettsia, uma vez que todas as fases evolutivas, no ambiente, são capazes de permanecer infectadas durante meses ou anos à espera do hospedeiro, garantindo um foco endêmico prolongado.


HOSPEDEIROS
Esses carrapatos são obrigatoriamente hematófagos e têm como hospedeiros mamíferos silvestres (foco natural da doença) como capivaras, gambás, coelhos, cotias; aves silvestres como seriemas; aves e animais domésticos como cavalos, bois, carneiros, porcos e cães. Existe a hipótese de transmissão peridomiciar onde o cão seria o principal carreador de carrapatos para o ambiente doméstico. Uma vez infectados, os animais apresentam uma baixa concentração de Rickettsias circulantes, sendo reservatórios transitórios, adquirindo resistência duradoura após o período parasitêmico que é variável entre alguns dias a poucas semanas. Assim, os animais que foram contaminados mas que não possuam mais carrapatos aderidos na pele ou no seu ambiente poderão não propagar a doença. Dessa forma, a doença não depende desses animais para sua manutenção, já que o Amblyomma cajennense é responsável pela manutenção da Ricketisa rickettsii na natureza. 




TRANSMISSÃO 
A transmissão da bactéria ao homem ocorre pela picada do carrapato infectado durante o final de sua alimentação, após ficar aderido na pele por um período de 4 a 10 horas. Acredita-se que a transmissão da Ricketisa, pela forma adulta do carrapato seja menos comum pois, devido ao aspecto doloroso de sua picada, as pessoas o retiram mais rapidamente do corpo, não havendo a permanência pelo período citado, o que normalmente não ocorre com as formas jovens que, pela picada menos dolorosa, muitas vezes nem mesmo são percebidas. Pode ocorrer também a infecção por meio de lesões na pele ocasionadas concomitante ao esmagamento do carrapato ao tentar retirá-lo. Esta doença não se transmite diretamente de uma pessoa para outra, a não ser com a transfusão de sangue proveniente de uma pessoa contaminada pela bactéria, não sendo necessário isolar o paciente.




PATOGENIA
Após a picada do carrapato infectado, a Rickettsia rickettsii ganha a corrente circulatória e invade as células endoteliais dos pequenos vasos, onde causam aumento da permeabilidade vascular e necrose, através de produtos de seu metabolismo. 


SINTOMATOLOGIA
Os primeiros sintomas da Febre Maculosa levam de dois a 14 dias para se manifestar em No homem, em geral, ocorrem forte mal-estar, febre alta, dor de cabeça, congestão das conjuntivas e lesões na pele que surgem por volta do 3° e 5° dia, como manchas avermelhadas (máculas) nos pulsos, tornozelos, palmas das mãos e sola dos pés. Pode progredir para lesões no sistema nervoso, causando confusão mental, letargia, fotofobia, surdez transitória e convulsões; lesões em rins com insuficiência pré-renal por hipovolemia, sendo que em alguns casos há necrose tubular aguda e acometimento pulmonar caracterizando-se por pneumonia intersticial, infiltrado alveolar e derrame pleural. 
Dentre os animais domésticos apenas o cão pode apresentar alguma susceptibilidade à doença, mas dificilmente é detectada clinicamente. Quando os sinais clínicos estão presentes eles são relacionados a distúrbios circulatórios como petéqueas e sufusões em mucosas oculares, nasais, orais e genitais, edema e epistaxes; diarréia sanguinolenta ou não; vômitos, aumento dos linfonodos, esplenomegalia, dores musculares e articulares, bem como complicações cardiovasculares, neurológicas e renais.
O problema é que, como a febre maculosa tem sintomas inespecíficos e costuma ser confundida com outras doenças, o diagnóstico correto e, conseqüentemente, o tratamento adequado, muitas vezes demoram a ser implementados. Se a doença não for devidamente tratada, a letalidade pode chegar a 80%.


DIAGNÓSTICO
O diagnóstico laboratorial pode ser realizado por meio de cultura de sangue ou de tecidos visando o isolamento e identificação do agente, ou por teste sorológico através da técnica de imunofluorescência indireta para detecção de anticorpos. Como os anticorpos começam a aumenta a partir da segunda semana de doença, a amostra de sangue para sorologia deverá ser colhida após o 7° dia. Quando a sorologia de duas amostras colhidas com intervalo médio de 10 a 14 dias mostrar soroconversão de 4 vezes o título ou se a amostra única mostrar títulos de IgG maior ou igual a 64 com qualquer título de IgM então a doença está confirmada. Pode também ser feita a identificação do DNA da Rickettsia no sangue infectado pela técnica de PCR (Reação em Cadeia de Polimerase). Segundo o Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde, em São Paulo até o momento somente o Instituto Adolfo Lutz Central realiza os exames de imunofluorescência indireta e isolamento e, no Rio de Janeiro, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).


DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
Diversas doenças devem ser incluídas no diagnóstico diferencial da Febre Maculosa em humanos, entre elas a leptospirose, sarampo, febre tifóide, dengue, febre amarela, meningococcemia, doença de Lyme, sepsis por gram-negativos, mononucleose infecciosa, sífilis secundária, reações a drogas e enterovirose.
Nos cães que apresentarem sinais clínicos, embora raramente e de forma inespecífica, podem ter diagnóstico diferencial relacionado a Ehrlichiose canina.


TRATAMENTO
Depois do início dos sinais clínicos, o tratamento deve ser iniciado dentro de no máximo uma semana, caso contrário, o risco de óbito é elevado pois os medicamentos poderão não apresentar o efeito desejado. O tratamento consiste no uso de antibióticos como cloranfenicol ou tetraciclinas, lembrando que as tetraciclinas não podem ser usadas em menores de 8 anos e gestantes. Além dos antimicrobianos, são indispensáveis os cuidados médicos e de enfermagem dirigidos para as possíveis complicações, sobretudo as renais, cardíacas, pulmonares e neurológicas. 


PROFILAXIA E MEDIDAS DE CONTROLE
Em função das constantes mudanças no meio ambiente, o aumento de animais silvestres nas cidades, as alterações no manejo de espécies domésticas (bovinos e eqüinos) e o aumento da oferta de alimentos, ocorre também a elevação da população do Amblyomma cajennense proliferando de maneira mais rápida o agente da Febre Maculosa. Dessa maneira deve-se dar importância às medidas profiláticas que consistem em evitar contato com carrapatos. Evitar caminhadas em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos no meio rural e silvestre. Quando necessário transitar nessas áreas, é fundamental sempre vestir calças compridas e botas, vistoriando o corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas, pois quanto mais rápido for retirado, menos serão os riscos de contrair a doença. Não esmagar os carrapatos com as unhas a fim de evitar microlesões na pele por onde a bactéria pode penetrar. O controle de carrapatos pode ser feito por técnicas não químicas ou de manejo como manter gramas e arbustos aparados rentes ao solo permitindo maior penetração dos raios solares e de calor nas pastagens já que o Amblyomma cajennense é sensível à insolação e à falta de umidade. Nos pastos onde são criados bovinos e eqüinos é sempre possível inviabilizar a fonte de alimento dos carrapatos utilizando-se de rotação de pastagem, que além de propiciar um controle dos carrapatos, melhora as condições do pasto e controla também outros tipos de parasitas. O controle químico dos carrapatos nos animais também é de grande valia desde que feito de forma programada e com assistência profissional. É oportuno salientar que um dos problemas graves no controle do Amblyoma cajennense é a sua capacidade elevada de desenvolver resistência aos carrapaticidas que são comumente disponibilizados no mercado. Como exemplo desse problema, pode-se mencionar os resultados de carrapatogramas de diversas amostras de Amblyomma cajennense colhidas em eqüinos levados à internação na EV / UFMG, que evidenciaram resistência absoluta a todas as bases de carrapaticidas até então disponíveis para o controle de carrapatos em eqüinos. 


CONSIDERAÇÕES FINAIS 
A atual ocorrência crescente de Febre Maculosa acarretando morbidade e óbitos em humanos no Brasil configura uma realidade consideravelmente preocupante no cenário da saúde pública. Por isso, deve ser combatida através de estratégias implementadas por equipes de profissionais da saúde em que o Médico Veterinário deve ter função destacada, na medida que se trata de uma zoonose importante, envolvendo diversos hospedeiros constituídos por vários animais silvestres ou domésticos além de um vetor representado cuja a biologia e controle são, por prerrogativa profissional e necessidade, mais estudados por esse profissional da saúde.


REFERÊNCIAS
1.Centro de Controle de Zoonoses do Estado de São Paulo; 
2.Centro de Vigilância Epidemiológica - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, Informe técnico Febre Maculosa Brasileira, setembro de 2002.
3.SUCEN - Superintendência de Controle de Epidemias de São Paulo, www.sucen.sp.gov.br/doencas/f_maculosa/texto_febre_maculosa_pro.htm, elaborado por Adriana Maria L. VIeira, Celso Eduardo de Souza, Marcelo Bahia Labruna, Renata Caporalle Mayo, Savina Silvana A. L. de Souza, Vera Lucia F. de Camargo Neves, Virgília Luna Castor de Lima. 
4.Corrêa, W.M, Corrêa, C.N.M., Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos Domésticos; 2ª Edição, 1992.
5.Márcio Antônio Moreira Galvão, FEBRE MACULOSA, Departamento de Nutrição Clínica e Social, Escola de Nutrição - Universidade Federal de Ouro Preto, www.ufop.br/pesquisa/revista/maculosa.htm.



                                                Texto revisado por: Dr. Geraldo Eleno Silveira Alves 

                                                                            Dr. Luis Renato Oseliero

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

A Origem do Cavalo Lusitano (Parte1)


Os cavalos retornariam ao seu lugar de origem muito tempo mais tarde, como instrumento de denominação dos povos da Península Ibérica no continente americano. Cristóvão Colombo, o descobridor, os introduziu na ilha de São Domingos em 1493. Espalharam-se primeiro pelas regiões que deram origem a Porto Rico e Jamaica, na América Central; desceram depois em direção à América do Sul, pelos territórios que mais tarde formariam o Peru, Colômbia, Equador, Venezuela, Chile e Bolívia. No México, chegaram transportados pelas tropas de Hernán Cortez, em 1519. Estes tomaram o rumo da costa oeste dos Estados Unidos, onde mais tarde dariam origem aos célebres mustangs norte-americanos.

Quatro décadas mais tarde, no extremo sul do continente, o espanhol Don Pedro de Mendoza logo fundaria Buenos Aires, mas na luta contra os índios perdeu exatos 76 cavalos. Em liberdade, voltaram a seu estado selvagem e primitivo, reproduzindo-se de forma espontânea. Algumas décadas depois, multiplicavam-se em extensas manadas que se espalharam dos pampas argentinos aos campos da Província Oriental, povoando as regiões remotas onde se formou o estado do Rio Grande do Sul. Começava a ser delineada a história do cavalo no Brasil.

"O cavalo do sol é um garanhão amarelo,
Um garanhão azul, um garanhão negro;
 O cavalo do sol veio até nós."

Os ancestrais de todas as raças brasileiras eram exatamente belos e velozes. Pertenciam todos a raça Andaluzia, originária da própria Península Ibérica, capaz de produzir um animal que Aristóteles, ainda em 384 antes de Cristo, chamou de "filho do vento". Cabeça pequena, orelhas também pequenas e bem postas, olhos grandes e doces, pescoço altivo, crina e cauda abundantes, o Andaluz foi reconhecido até pelos franceses como o mais famoso, o mais nobre e gracioso, o mais valente e mais digno de ser montado por um rei. Sua origem remonta sua própria formação dos continentes europeus e africanos, quando um cataclismo geológico abriu o estreito de Gibraltar, separando fauna e flora da mesma espécie e homens da mesma raça. 

De um lado ficaram os Íberos, de estirpe Berber e Amascirga nômades, alguns oriundos também do Himalaia; do outro lado, os povos árabes. Ambos cultivaram cavalos de poucas e sutis diferenças. O Equus Cabalus Asiaticus, com suas seis lombares na coluna vertebral, deu origem ao cavalo árabe, enquanto o Equus Cavalus Africanus, com uma lombar a menos, iria gerar o cavalo bérbere e, por conseguinte, o Andaluz. A Guerra Santa empreendia pelos árabes no início do século VIII revelou-se extremamente positiva para a raça. O criador Enio Monte afirma que, durante os oitocentos anos de denominação na Península Ibérica (então chamada pelos invasores de Al Andaluz), "emires e califas chegaram a ser magníficas criações de cavalos na região de Andaluzia, estudando cruzamentos e selecionando escrupulosamente os reprodutores; legaram à posteridade uma das melhores raças de cavalo que se teve notícias e que influenciou praticamente todas as raças existentes na época: a raça Andaluza". Portanto sangue nobre corre nas veias das matrizes dos cavalos brasileiros, do sertanejo ao crioulo. 

Em 1546, enquanto Jesuítas portugueses e espanhóis capturavam nos campos os primeiros baguais do tropel de Mendoza (bagual: expressão gaúcha para designar o cavalo que se tornou selvagem), chegaram a Santa Catarina 20 dos 46 cavalos trazidos pelo colonizador Don Álvaro Nunes, conhecido como "Cabeça de Vaca", que conseguiram sobreviver ao acidentes da longa viagem. O cruzamento destes baguais com os animais de Don Álvaro Nunes originou um cavalo resistente e rústico, de crinas grossas e pescoço mediano, dorso curto e reto, pernas elásticas e cascos sólidos, que tornou o companheiro inseparável do homem dos pampas, tanto do lado argentino como do brasileiro --- o cavalo Crioulo. Foi esta nova raça que uniu os povos do rio Prata em torno do ideal comum da criação. Foi ela que serviu aos primeiros índios que entenderam a importância do cavalo como arma de guerra e dominação, os embaias-guaicurus. 

Em 1795, o rebanho dos índios cavaleiros era calculado pelos portugueses em 8 mil animais, e os domínios dos guaicurus, com sua diversas ramificações, se estendia de Assunção a Cuiabá.
Guerreiros célebres pela audácia e coragem, eram temidos pelos brancos e pelos outros índios. Tornaram-se imbatíveis com a ajuda do Crioulo.

Criado livre no campo, sem abrigo ou trato especial, o cavalo Crioulo tornou-se extremamente sadio e resistente a doenças impostas pela natureza. Com dois exemplares argentinos da raça, "Mancha" e "Galo", o suíço A.F Tschifferly desafiou a distância que separa Buenos Aires de Washington e, durante dois anos e meio, venceu 16 mil quilômetros de florestas e montanhas andinas de mais de 5 mil metros de altitude para chegar à capital americana com seus dois cavalos em bom estado. O feito de Tschifferly incluiu o Crioulo entre as raças mais fortes do mundo. 

A história de formação política e econômica do Rio Grande do Sul se fez na companhia destes animais. Sem o seu "pingo", o gaúcho dos pampas não é um homem completo, nem mesmo na sua forma de se comunicar: estão registradas no sul milhares de expressões populares que envolvem este companheiro de todas as horas. "Arma, mulher e cavalo, nada de emprestar", diz a sabedoria gaúcha. "Cria perto do olhar o cavalo do teu andar". 

Pesquisado por Ismael Gonçalves da Silva    

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Importância do manejo dos cascos em equídeos


Toda ciência que se dedica ao sistema de sustentação e locomoção é denominada podologia. Já a biopodologia trata-se de uma ciência semelhante, mas que se direciona a uma visão biológica, levando em conta a integração dos diversos sistemas orgânicos, onde interagem continuamente oferecendo ao animal condições favoráveis ao seu ambiente. A anatomia e a funcionalidade dos membros dos equinos formam um conjunto harmônico essencial de cada estrutura. O estojo córneo ou úngula dos equídeos, chamado comumente de casco, é uma estrutura com funcionalidade complexa correspondendo a unha do homem e que reveste a extremidade digital do membro locomotor. É dividida em três partes, sendo elas parede, sola e cunha.
Os cascos são a base da proteção, sustentação e propulsão dos equídeos e também sede várias enfermidades e por isso, necessita de manutenção adequada, dessa forma, é importante conhecer a morfologia de cada espécie para orientar corretamente o casqueamento periódico; onde deve ser realizado no tempo correto, para proporcionar o ajustamento ideal dos mesmos, oferecendo maior conforto e melhor aprumo ao animal, além do ferrageamento dos cascos, preservando a integridade de suas estruturas quando esta trabalhando.
O pé ou dígito do equino é equivalente ao dedo médio humano, constituído de três ossos conhecidos como primeira, segunda e terceira falanges. O casco envolve a terceira falange, o osso navicular faz parte da segunda falange, sendo uma estrutura especializada, projetada para resistir ao desgaste, suportar o peso do animal e absorver o impacto, reduzindo assim o surgimento de injúrias no aparelho locomotor. A irrigação sanguínea do casco é feita pela artéria digital palmar, oriunda da bifurcação da artéria palmar medial. A manutenção adequada desse fluxo é determinante para a saúde dos cascos.
O casco é hidrófilo, ou seja, absorve e perde liquido através da sua parede ou muralha que mesmo possuindo uma camada de verniz para sua proteção, auxilia nessa regulação. Essa serve de apoio para o animal, por isso deve ter largura suficiente para suportar o peso do equídeo e uma altura aceitável para que a sola seja preservada e não faça contato direto com o chão. A ranilha possui uma função muito importante, onde atua como elemento amortecedor do impacto e auxiliar na irrigação sanguínea para o interior dos cascos. Quando há alterações nas barras o impacto é absorvido pela ranilha ao invés de serem transmitidos para a muralha (parede) afetando assim diretamente os sistemas ósseos e articulares do membro.
Com o passar do tempo os equídeos foram se adaptando ao ambiente em que eram obrigados a viver sendo ele modificado em decorrer de seu desenvolvimento, pois, seus ancestrais não se moviam tão rápido e se perdiam da manada sendo vitimas fáceis para predadores, ocasionando assim uma maior adaptação desses animais iniciando assim o ato de galopar onde se locomoviam com mais agilidade e eficiência.
Resultando em consequências como maior desgaste dos cascos e lesões para o aparelho locomotor.
Os cascos tem variações quanto a sua morfologia entre as espécies, os equídeos diferem dos asininos e os muares apresentam morfologia intermediária entre duas espécies. Observamos também diferenças morfológicas entre o torácico que geralmente são maiores e mais oblíquos do que os cascos dos membros pélvicos.  Quando for selecionar um animal, seja para lazer, competição ou reprodução, uma avaliação da saúde  e capacidade funcional deve ser feita minuciosamente, para analisar se há presença  de alguma afecção no aparelho locomotor.
Estudos de biomecânica da locomoção dos equídeos comprovam que os métodos de casqueamento e ferrageamento, são errôneos e não respeitam as condições anatômicas ideias dos cavalos, mantem as pinças longas e os talões baixos. Isto acontece por falta de conhecimento, treinamento ou por modismo e é prejudicial a vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo a performance e a vida útil dos equídeos atletas. As estatísticas mostram que, de cada 100 problemas diagnosticados no aparelho locomotor, 80% estão nos membros torácicos e a grande abaixo do joelho. A grande causa é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.
Os aprumos refletem o equilíbrio, distribuição de peso e força para cada membro, ocasionando estabilidade ao animal. São proporcionados pelos eixos ósseos e angulações  articulares. Muitos estudos avaliam o equilíbrio geométrico dos cascos nos equídeos em treinamento, maioria deles afirma que o desequilíbrio dos mesmos pode ser responsável pela caudicação (manqueira). Foram registradas nove medidas nos cascos dos membros torácicos: ângulo da pinça, circunferência na banda coronária, comprimento lateral e medial dos talões e quartos comprimento da pinça, comprimento e largura da ranilha. As mensurações permitiram a identificação das seguintes alterações: 87,61% apresentaram talões contraídos, 49,48% desequilíbrio médio-lateral, 23,71% ângulos de cascos contralaterais diferentes e 11,37% tinham o eixo quebrado para trás. A frequência de alterações no casco de cavalos sugere que as práticas de casqueamento e ferrageamento adotadas devem ser revisadas e melhoradas.
O processo deve ter inicio com o animal ainda potro, entre 2 a 3 meses de vida e a manutenção deve ser frequente, a cada 30 ou 40 dias, pois os cascos crescem aproximadamente 0,5 cm por mês. Variações na velocidade do crescimento esta relacionada na vascularização do local, podendo formar linhas ou anéis na horizontal. Potros recém nascidos geralmente possuem cascos pontiagudos, estreitos e flexíveis, o qual cresce em poucos dias permitindo o inicio do desenvolvimento do verdadeiro casco. Um exame e manutenção frequente dos cascos em potros irão auxiliar para seu perfeito desenvolvimento.
Devemos também nos preocupar com a higienização dos cascos, pois com ela prevenimos manifestações de doenças. Alem de fornecer conforto aos animais, ajuda a detectar precocemente eventuais problemas que possam existir. Sempre tomando muito cuidado com a contenção do mesmo, pois, algumas pessoas sentem dificuldade para que o cavalo obedeça os comandos. Esse manejo deve se tornar um habito diário, desse modo o animal vai se acostumando e aceitando cada vez mais essa prática.
Para fazer a limpeza dos cascos deve se tomar algumas medidas para a segurança, onde a contenção é essencial, por isso uma pessoa experiente segurando o animal é extremamente importante. Antes de mexer nos cascos dos equídeos deve primeiramente manter um contato com a parte superior do animal, evitando acidentes envolvendo coices ou outras esteriotipagens. Não se deve deixar objetos como baldes, cestos de lixo ao redor ou até mesmo ficar sentado próximo ao local de  trabalho. É indispensável a paramentação adequada, com calças de tecido grosso e botas. Se o animal estiver incomodado com a presença de insetos é indicado a utilização de repelentes em spray de citronela ou cravo. O material usado geralmente é o limpador de casco podendo ser de metal ou plástico, alguns possuem escova para fazer facilmente a limpeza.
A técnica “segura e empurra” é habitualmente usada onde se empurra a espádua do cavalo deslocando seu peso para o outro membro, podendo assim pegar a mão do animal. Para manipular o membro torácico dos equídeos inicie se posicionando corretamente, ficando em pé ao lado do animal. Quando o cavalo já estiver acostumado, ele logo erguerá a mão. Já no membro pélvico o processo é semelhante ao do torácico, um pouco mais complicado devido a conformação anatômica da região do jarrete. Posicione-se de pé ao lado da garupa na altura da anca do cavalo. Levantando o pé para frente, e depois projetando para trás. É importante ficar próximo ao animal, pois caso ele se altere e tente coicear, provavelmente levara apenas um empurrão.
Tornando esse habito diário, a prevenção de algumas doenças poderão ser prevenidas e consequentemente evitadas, levando em consideração todos os cuidados necessários para manusear o animal.
Dessa maneira iremos melhorar a qualidade de vida e a performance na função que o animal é utilizado.




Cavalo Lusitano - Fruteira EC - Coudelaria Luso Brasileira


Cavalo Lusitano - Canavaro da Paixão - Coudelaria Luso Brasileira


terça-feira, 5 de agosto de 2014

Cavalo Lusitano - Genética de Cor de Pelagem

Genética de Cor de Pelagem

Texto de Flávio Rafael Monteiro
Veterinário e criador de Puro Sangue Lusitano (Haras Imperial)


Genética

Não é fácil perceber os efeitos da herança genética. Muitas vezes notamos semelhanças de um filho em relação ao pai, a mãe ou até mesmo em relação aos avós. Para um criador, o conhecimento dos princípios básicos de genética é fundamental para que os acasalamentos escolhidos produzam melhoramento genético. Apesar de algumas características poderem ser alteradas no manejo, o conhecimento dos genes pode modificar a morfologia, caracterização racial, tamanho. Mecânica de movimentação, temperamento e cor da pelagem em futuras gerações.
Qualquer uma dessas características é determinada pelos genes presentes nos cromossomos de cada uma das células destes animais. Um cromossomo é uma longa sequência de DNA, que contém vários genes que serão responsáveis por funções específicas deste animal. O conjunto destes cromossomos é chamado de genoma e o dos cavalos (Equus Caballus) apresenta 32 pares ou 64 cromossomos em cada uma de suas células com excessão das células reprodutivas. Nestas células, o óvulo ou o espermatozoide, só existem 32 cromossomos. Com a fecundação, o ovo ou zigoto, a partir da qual se formará o novo potrinho(a), volta a contar novamente  com 64 cromossomos, metade do garanhão e a outra metade da égua.
Chamamos de genótipo o conjunto de genes de um animal. E de fenótipo as características externas que podemos visualizar. Animais de mesmo fenótipo podem apresentar genótipos diferentes e isso faz diferença em seus progênies. Os genes são apresentados por letras maiúsculas e/ou minúsculas. Caso sejam idênticas, o animal é chamado homozigoto. Se diferentes, heterezigoto para tal característica. As diferentes pelagens são manifestadas a partir de herança de dominância parcial onde cada gene responde por parte do fenótipo ou de dominância completa, onde apenas um gene, representado pela letra maiúscula, já determina o resultado.

Pelagens

No Puro Sangue Lusitano são encontradas as pelagens tordilha, preta, castanha, alazã, baia, baia amarela, palomina, isabel, argila e lobuna em suas mais diferentes denominações regionais. É interessante observar quem em gravuras antigas do puro sangue lusitano podem ser vistas animais de pelagem pampa, que apresentam para do corpo branco em meio a qualquer outra pelagem. No entanto, hoje não são mais registrados pelas associações. Já é possível serem feitos testes para detectar o genótipo de cor de pelagem dos cavalos. O uso destes testes aliado a inspeções mais meticulosas favorecerão a descoberta da existência de outras cores na raça. Que podem estar cobertas por genes dominantesou que podem ter sido sempre registradas de maneira errada.

Tordilhos


O cavalos de pelagem tordilha, como são chamados em Portugal, nascem com qualquer cor de pelagem. Com poucos dias já se nota mais facilmente alguns pelos brancos no corpo em especial em torno dos olhos. Com o passar do tempo, a pelagem de todo o corpo vai dando lugar a pelos brancos até que o animal se torne totalmente branco. Esse processo pode durar vários anos. O gene responsável pelo “tordilhamento” é o gene G. Este gene se manisfesta de maneira dominante, ou seja, se o cavalo recebeu apenas um G de qualquer um dos pais, este animal será tordilho. O Gene G é também dominante em relação a todos os outros genes. Portanto, cavalos GG ou Gg são tordilhos independente dos outros genes. Isto explica em parte a grande quantidade de cavalos tordilhos na raça. Cavalos gg serão ‘’coloridos’’ e sua cor dependerá da composição da composição dos demais genes. Nos primeiros dias de vida de um animal tordilho, podemos perceber qual seria sua cor de pelagem caso este gene G não se manifestasse. Pode-se imaginar que este gene, com o passar do tempo, ‘’encapa” de branco qualquer outra cor.Um cavalo homozigoto GG sempre produzirá filhos tordilhos, já que sempre transmitirá a estes o gene G. UM animal tordilho, sempre terá ao menos um dos seus pais tordilho de onde recebeu o gene G. Dois cavalos tordilhos podem ter filhos ‘’coloridos’’. Neste caso, os pais obrigatoriamente teriam que ser heterozigotos (Gg) e transmitir o g para estes filhos. A probabilidade disto acontecer é de 25%. Dois cavalos “coloridos” sempre terão filhos “coloridos”. Por ambos serem gg, espermatozoide e óvulo serão g e formarão apenas indivíduos gg. Cavalos tordilhos têm seu genótipo representado por G_, onde o traço representa a indiferença do segundo gene do par.

Cavalos tordilhos: G_
Cavalos ‘’coloridos’’: gg


Pretos, castanhos e alazões


As cores dos animais são causadas pela melanina. Nos cavalos temos duas formas desta: a eumelanina, responsável pela pigmentação preta e a feomelanina pela vermelha. O gene E age de maneira dominante sobre o gene e configura a presença de eumelanina, que ocasionará pelos pretos no animal. Os genes ee, bloqueiam a ação da eumelanina, e com a ação exclusiva da feomelanina estes cavalos apresentam todo o corpo com pelagem de pigmentação avermelhada. São chamadas de alazões. Podem ter suas tonalidades com as variações vermelho claro, vermelho vivo ou amarronzado, laranja ou fígado. E outros que apresentam crina e cauda mais claras que o corpo, chamados de alazões crinalvos, de crina lavada ou flaxen. Muitas vezes são confundidos com palominos.


O gene A é responsável pela distribuição do pigmento preto para as pelagens de crina, cauda e extremidades dos membros. É também dominante em relação ao seu alelo a. Nos cavalos alazões, não importa como o gene A estaria se manifestando, já que este é responsável apenas pela distribuição da pelagem preta.  Já os cavalos que apresentam ao menos um gene E e sejam homozigotos para a, têm pelagem preta que não é distribuída para as extremidades. Tem, portanto, esta coloração preta manifestando-se de maneira uniforme por todo o corpo e são chamados de pretos. Quando os cavalos têm como alelos pelo menos um gene E e um A , irão apresentar pigmento preto (E) que por sua vez será distribuído para as extremidades (A). O restante do corpo permanece de cor avermelhada, e estes animais são castanhos. Assim, como os alazões, podem ser variações de tonalidade. A identificação se cavalos castanhos são homozigotos ou heterozigoto para o gene A é muitas vezes possível apenas pelo fenótipo. Castanhos heterozigotos Aa normalmente apresentam marcações mais escuras pelo corpo, em especial na tábua do pescoço, em parte da cabeça e final do dorso. Quando esta marcaçãoé mais intensa, estes castanhos são popularmente conhecidos por zainos. Castanhos homozigotos AA costumam apresentar tonalidade de vermelho mais uniforme e claro pelo corpo.

Cavalos pretos: gg  E_aa
Cavalos castanhos: gg E_A
Cavalos alazões: gg ee_ _


Palominos, baios amarelos e isabéis

O gene Cr controla a saturação ou a diluição dos pigmentos das cores. Atua como dominância parcial já que o heterozigoto é diferente é diferente dos dois tipos de homozigotos. A partir das cores como alazão, castanho e preto, a presença de um gene Cr dará origem respectivamente a palominos, baios amarelos e pretos chocolate. A ausência do gene Cr, ou seja, um homozigoto crcr mantém o cavalo com sua cor base. Um gene Cr dilui a coloração avermelhada para uma tonalidade mais amarela, mas praticamente não modifica as tonalidades pretas. No caso dos alazões, que seriam vermelhos por completo, um gene Cr os transforma em palominos. Palominos, cremilhos ou baios amarilhos são denominações para cavalos que tem o corpo todo dourado ou amarelado e possuem crinas e caudas que podem variar de creme ao branco. No caso  dos baios como são usualmente chamados, a crina, a cauda e extremidades dos membros mantêm-se pretas já que apenas um gene Cr irá diluir apenas a coloração avermelhada do corpo, mas não a preta. Será um cavalo amarelo ou bronze com as extremidades pretas. Os baios amarelos têm como base os castanhos. Já os cavalos com base preta são ligeiramente afetados e na presença de um gene Cr, tornam-se mais amarronzados. Este cavalo, conhecido como preto chocolate, tem genótipo, e fenótipo diferente das demais cores mas normalmente é registrado apenas como preto ou mesmo devido a ação do Sol seja confundido com castanho. Com a presença de CrCr, há diluição tanto da pelagem vermelha, quanto da pelagem preta para uma coloração pérola. Além disso, há também mudança na cor dos olhos. Que são azuis e de suas mucosas que são róseas. Este cavalo é chamado Isabel. É comum alguns criadores chamaram isabéis todos os animais que apresentam os olhos azuis e as mucosas róseas. Na verdade, alguns destes animais são tordilhos, mas realmente é de difícil visualização a presença de apenas alguns pelos brancos meio a pelagem perolizada, principalmente quando o animal é jovem e ainda esta “tordilhando”. Isto só poderá ser confirmado pela genealogia, progênie ou teste laboratoriais. Podemos, ainda, dividir os isabeis em dois tipos: cremelos ou perlinos. Os cremelos têm ausência de eumelanina, ou seja, são ee e normalmente apresentam crinas e caudas mais claras que o corpo. Os perlinos têm ao menos um gene E e suas crinas e caudas são ligeiramente mais escuras do que o corpo.

Cavalos baios amarelos: gg E_A_Crcr
Cavalos palominos: gg ee_ _aa Crcr
Cavalos isabéis: gg_ _ _ _ CrCr

Baios, lobunos e argilas

Existe a coloração a qual chamamos de baia, mas que tem origem outro par de genes. Esta coloração é determinada pelo gene D. O gene D manifesta-se de maneira dominante, não importante se o cavalo apresenta um ou mais genes desde tipo para que se determine a sua coloração. A pelagem também sofre diluição, mas desta vez, tanto a pelagem preta como a vermelha. A cabeça e extremidades destes animais permanecem de coloração mais escura e há presença de risca de burro no dorso e zebrura nas patas. Esta era a coloração mais comum nos cavalos de Sorraia. Dependendo se a cor base for preta ou alazã são formados os ‘’lobunos’’ ou de cor ‘’cinza rato’’, no caso dos pretos diluídos e ‘’argila’’ no caso de alazões.


Cavalos baios: gg E_A_ crcr D_
Cavalos argilas: gg ee _ _ crcr D_




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