Genética de Cor de Pelagem
Veterinário e criador de Puro Sangue Lusitano (Haras Imperial)
Genética
Não é fácil perceber os efeitos da herança genética. Muitas
vezes notamos semelhanças de um filho em relação ao pai, a mãe ou até mesmo em relação
aos avós. Para um criador, o conhecimento dos princípios básicos de genética é
fundamental para que os acasalamentos escolhidos produzam melhoramento genético.
Apesar de algumas características poderem ser alteradas no manejo, o
conhecimento dos genes pode modificar a morfologia, caracterização racial,
tamanho. Mecânica de movimentação, temperamento e cor da pelagem em futuras
gerações.
Qualquer uma dessas características é determinada pelos
genes presentes nos cromossomos de cada uma das células destes animais. Um
cromossomo é uma longa sequência de DNA, que contém vários genes que serão
responsáveis por funções específicas deste animal. O conjunto destes
cromossomos é chamado de genoma e o dos cavalos (Equus Caballus) apresenta 32
pares ou 64 cromossomos em cada uma de suas células com excessão das células
reprodutivas. Nestas células, o óvulo ou o espermatozoide, só existem 32
cromossomos. Com a fecundação, o ovo ou zigoto, a partir da qual se formará o
novo potrinho(a), volta a contar novamente
com 64 cromossomos, metade do garanhão e a outra metade da égua.
Chamamos de genótipo o conjunto de genes de um animal. E de
fenótipo as características externas que podemos visualizar. Animais de mesmo
fenótipo podem apresentar genótipos diferentes e isso faz diferença em seus
progênies. Os genes são apresentados por letras maiúsculas e/ou minúsculas.
Caso sejam idênticas, o animal é chamado homozigoto. Se diferentes,
heterezigoto para tal característica. As diferentes pelagens são manifestadas a
partir de herança de dominância parcial onde cada gene responde por parte do fenótipo
ou de dominância completa, onde apenas um gene, representado pela letra maiúscula,
já determina o resultado.
Pelagens
No Puro Sangue Lusitano são encontradas as pelagens
tordilha, preta, castanha, alazã, baia, baia amarela, palomina, isabel, argila
e lobuna em suas mais diferentes denominações regionais. É interessante
observar quem em gravuras antigas do puro sangue lusitano podem ser vistas
animais de pelagem pampa, que apresentam para do corpo branco em meio a
qualquer outra pelagem. No entanto, hoje não são mais registrados pelas
associações. Já é possível serem feitos testes para detectar o genótipo de cor
de pelagem dos cavalos. O uso destes testes aliado a inspeções mais meticulosas
favorecerão a descoberta da existência de outras cores na raça. Que podem estar
cobertas por genes dominantesou que podem ter sido sempre registradas de
maneira errada.
Tordilhos

O cavalos de pelagem tordilha, como são chamados em Portugal,
nascem com qualquer cor de pelagem. Com poucos dias já se nota mais facilmente
alguns pelos brancos no corpo em especial em torno dos olhos. Com o passar do
tempo, a pelagem de todo o corpo vai dando lugar a pelos brancos até que o
animal se torne totalmente branco. Esse processo pode durar vários anos. O gene
responsável pelo “tordilhamento” é o gene G.
Este gene se manisfesta de maneira dominante, ou seja, se o cavalo recebeu
apenas um G de qualquer um dos pais,
este animal será tordilho. O Gene G
é também dominante em relação a todos os outros genes. Portanto, cavalos GG ou Gg são tordilhos independente dos outros genes. Isto explica em
parte a grande quantidade de cavalos tordilhos na raça. Cavalos gg serão ‘’coloridos’’ e sua cor
dependerá da composição da composição dos demais genes. Nos primeiros dias de
vida de um animal tordilho, podemos perceber qual seria sua cor de pelagem caso
este gene G não se manifestasse. Pode-se
imaginar que este gene, com o passar do tempo, ‘’encapa” de branco qualquer
outra cor.Um cavalo homozigoto GG
sempre produzirá filhos tordilhos, já que sempre transmitirá a estes o gene G. UM animal tordilho, sempre terá ao
menos um dos seus pais tordilho de onde recebeu o gene G. Dois cavalos tordilhos podem ter filhos ‘’coloridos’’. Neste
caso, os pais obrigatoriamente teriam que ser heterozigotos (Gg) e transmitir o g para estes filhos. A probabilidade
disto acontecer é de 25%. Dois cavalos “coloridos” sempre terão filhos “coloridos”.
Por ambos serem gg, espermatozoide e
óvulo serão g e formarão apenas
indivíduos gg. Cavalos tordilhos têm
seu genótipo representado por G_,
onde o traço representa a indiferença do segundo gene do par.
Cavalos tordilhos: G_
Cavalos ‘’coloridos’’: gg
Pretos, castanhos e alazões

As cores dos animais são causadas pela melanina. Nos cavalos
temos duas formas desta: a eumelanina, responsável pela pigmentação preta e a
feomelanina pela vermelha. O gene E
age de maneira dominante sobre o gene e configura a presença de eumelanina, que
ocasionará pelos pretos no animal. Os genes ee, bloqueiam a ação da eumelanina, e com a ação exclusiva da
feomelanina estes cavalos apresentam todo o corpo com pelagem de pigmentação
avermelhada. São chamadas de alazões. Podem ter suas tonalidades com as
variações vermelho claro, vermelho vivo ou amarronzado, laranja ou fígado. E
outros que apresentam crina e cauda mais claras que o corpo, chamados de
alazões crinalvos, de crina lavada ou flaxen. Muitas vezes são confundidos com
palominos.
Cavalos pretos: gg E_aa
Cavalos castanhos: gg E_A
Cavalos alazões: gg ee_ _
Palominos, baios amarelos e isabéis
Cavalos baios amarelos: gg E_A_Crcr
Cavalos palominos: gg ee_ _aa Crcr
Cavalos isabéis: gg_ _ _ _ CrCr
Baios, lobunos e argilas
Existe a coloração a qual chamamos de baia, mas que tem
origem outro par de genes. Esta coloração é determinada pelo gene D. O gene D manifesta-se de maneira dominante, não importante se o cavalo
apresenta um ou mais genes desde tipo para que se determine a sua coloração. A pelagem
também sofre diluição, mas desta vez, tanto a pelagem preta como a vermelha. A
cabeça e extremidades destes animais permanecem de coloração mais escura e há
presença de risca de burro no dorso e zebrura nas patas. Esta era a coloração
mais comum nos cavalos de Sorraia. Dependendo se a cor base for preta ou alazã
são formados os ‘’lobunos’’ ou de cor ‘’cinza rato’’, no caso dos pretos
diluídos e ‘’argila’’ no caso de alazões.
Cavalos baios: gg E_A_ crcr D_
Cavalos argilas: gg ee _ _ crcr D_
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