Importância do manejo dos cascos em equídeos
Toda ciência que se dedica ao sistema de sustentação e
locomoção é denominada podologia. Já a biopodologia trata-se de uma ciência
semelhante, mas que se direciona a uma visão biológica, levando em conta a
integração dos diversos sistemas orgânicos, onde interagem continuamente
oferecendo ao animal condições favoráveis ao seu ambiente. A anatomia e a
funcionalidade dos membros dos equinos formam um conjunto harmônico essencial
de cada estrutura. O estojo córneo ou úngula dos equídeos, chamado comumente de
casco, é uma estrutura com funcionalidade complexa correspondendo a unha do
homem e que reveste a extremidade digital do membro locomotor. É dividida em
três partes, sendo elas parede, sola e cunha.
Os cascos são a base da proteção, sustentação e propulsão
dos equídeos e também sede várias enfermidades e por isso, necessita de
manutenção adequada, dessa forma, é importante conhecer a morfologia de cada
espécie para orientar corretamente o casqueamento periódico; onde deve ser
realizado no tempo correto, para proporcionar o ajustamento ideal dos mesmos,
oferecendo maior conforto e melhor aprumo ao animal, além do ferrageamento dos
cascos, preservando a integridade de suas estruturas quando esta trabalhando.
O pé ou dígito do equino é equivalente ao dedo médio humano,
constituído de três ossos conhecidos como primeira, segunda e terceira
falanges. O casco envolve a terceira falange, o osso navicular faz parte da
segunda falange, sendo uma estrutura especializada, projetada para resistir ao
desgaste, suportar o peso do animal e absorver o impacto, reduzindo assim o
surgimento de injúrias no aparelho locomotor. A irrigação sanguínea do casco é
feita pela artéria digital palmar, oriunda da bifurcação da artéria palmar
medial. A manutenção adequada desse fluxo é determinante para a saúde dos
cascos.
O casco é hidrófilo, ou seja, absorve e perde liquido através
da sua parede ou muralha que mesmo possuindo uma camada de verniz para sua
proteção, auxilia nessa regulação. Essa serve de apoio para o animal, por isso
deve ter largura suficiente para suportar o peso do equídeo e uma altura aceitável
para que a sola seja preservada e não faça contato direto com o chão. A ranilha
possui uma função muito importante, onde atua como elemento amortecedor do
impacto e auxiliar na irrigação sanguínea para o interior dos cascos. Quando há
alterações nas barras o impacto é absorvido pela ranilha ao invés de serem
transmitidos para a muralha (parede) afetando assim diretamente os sistemas
ósseos e articulares do membro.
Com o passar do tempo os equídeos foram se adaptando ao
ambiente em que eram obrigados a viver sendo ele modificado em decorrer de seu
desenvolvimento, pois, seus ancestrais não se moviam tão rápido e se perdiam da
manada sendo vitimas fáceis para predadores, ocasionando assim uma maior
adaptação desses animais iniciando assim o ato de galopar onde se locomoviam
com mais agilidade e eficiência.
Resultando em consequências como maior desgaste dos cascos e
lesões para o aparelho locomotor.
Os cascos tem variações quanto a sua morfologia entre as
espécies, os equídeos diferem dos asininos e os muares apresentam morfologia
intermediária entre duas espécies. Observamos também diferenças morfológicas entre
o torácico que geralmente são maiores e mais oblíquos do que os cascos dos membros
pélvicos. Quando for selecionar um
animal, seja para lazer, competição ou reprodução, uma avaliação da saúde e capacidade funcional deve ser feita
minuciosamente, para analisar se há presença de alguma afecção no aparelho locomotor.
Estudos de biomecânica da locomoção dos equídeos comprovam
que os métodos de casqueamento e ferrageamento, são errôneos e não respeitam as
condições anatômicas ideias dos cavalos, mantem as pinças longas e os talões baixos.
Isto acontece por falta de conhecimento, treinamento ou por modismo e é prejudicial
a vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo
a performance e a vida útil dos equídeos atletas. As estatísticas mostram que,
de cada 100 problemas diagnosticados no aparelho locomotor, 80% estão nos
membros torácicos e a grande abaixo do joelho. A grande causa é a falta de
alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da
paleta com a horizontal.
Os aprumos refletem o equilíbrio, distribuição de peso e
força para cada membro, ocasionando estabilidade ao animal. São proporcionados
pelos eixos ósseos e angulações articulares. Muitos estudos avaliam o equilíbrio
geométrico dos cascos nos equídeos em treinamento, maioria deles afirma que o desequilíbrio
dos mesmos pode ser responsável pela caudicação (manqueira). Foram registradas
nove medidas nos cascos dos membros torácicos: ângulo da pinça, circunferência na
banda coronária, comprimento lateral e medial dos talões e quartos comprimento
da pinça, comprimento e largura da ranilha. As mensurações permitiram a
identificação das seguintes alterações: 87,61% apresentaram talões contraídos,
49,48% desequilíbrio médio-lateral, 23,71% ângulos de cascos contralaterais
diferentes e 11,37% tinham o eixo quebrado para trás. A frequência de
alterações no casco de cavalos sugere que as práticas de casqueamento e
ferrageamento adotadas devem ser revisadas e melhoradas.
O processo deve ter inicio com o animal ainda potro, entre 2
a 3 meses de vida e a manutenção deve ser frequente, a cada 30 ou 40 dias, pois
os cascos crescem aproximadamente 0,5 cm por mês. Variações na velocidade do
crescimento esta relacionada na vascularização do local, podendo formar linhas
ou anéis na horizontal. Potros recém nascidos geralmente possuem cascos
pontiagudos, estreitos e flexíveis, o qual cresce em poucos dias permitindo o
inicio do desenvolvimento do verdadeiro casco. Um exame e manutenção frequente
dos cascos em potros irão auxiliar para seu perfeito desenvolvimento.
Devemos também nos preocupar com a higienização dos cascos,
pois com ela prevenimos manifestações de doenças. Alem de fornecer conforto aos
animais, ajuda a detectar precocemente eventuais problemas que possam existir.
Sempre tomando muito cuidado com a contenção do mesmo, pois, algumas pessoas
sentem dificuldade para que o cavalo obedeça os comandos. Esse manejo deve se
tornar um habito diário, desse modo o animal vai se acostumando e aceitando
cada vez mais essa prática.
Para fazer a limpeza dos cascos deve se tomar algumas
medidas para a segurança, onde a contenção é essencial, por isso uma pessoa
experiente segurando o animal é extremamente importante. Antes de mexer nos
cascos dos equídeos deve primeiramente manter um contato com a parte superior
do animal, evitando acidentes envolvendo coices ou outras esteriotipagens. Não
se deve deixar objetos como baldes, cestos de lixo ao redor ou até mesmo ficar
sentado próximo ao local de trabalho. É indispensável
a paramentação adequada, com calças de tecido grosso e botas. Se o animal
estiver incomodado com a presença de insetos é indicado a utilização de
repelentes em spray de citronela ou cravo. O material usado geralmente é o
limpador de casco podendo ser de metal ou plástico, alguns possuem escova para
fazer facilmente a limpeza.
A técnica “segura e empurra” é habitualmente usada onde se empurra
a espádua do cavalo deslocando seu peso para o outro membro, podendo assim
pegar a mão do animal. Para manipular o membro torácico dos equídeos inicie se posicionando
corretamente, ficando em pé ao lado do animal. Quando o cavalo já estiver
acostumado, ele logo erguerá a mão. Já no membro pélvico o processo é semelhante
ao do torácico, um pouco mais complicado devido a conformação anatômica da
região do jarrete. Posicione-se de pé ao lado da garupa na altura da anca do
cavalo. Levantando o pé para frente, e depois projetando para trás. É
importante ficar próximo ao animal, pois caso ele se altere e tente coicear,
provavelmente levara apenas um empurrão.
Tornando esse habito diário, a prevenção de algumas doenças
poderão ser prevenidas e consequentemente evitadas, levando em consideração todos
os cuidados necessários para manusear o animal.
Dessa maneira iremos melhorar a qualidade de vida e a performance
na função que o animal é utilizado.
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