segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Importância do manejo dos cascos em equídeos


Toda ciência que se dedica ao sistema de sustentação e locomoção é denominada podologia. Já a biopodologia trata-se de uma ciência semelhante, mas que se direciona a uma visão biológica, levando em conta a integração dos diversos sistemas orgânicos, onde interagem continuamente oferecendo ao animal condições favoráveis ao seu ambiente. A anatomia e a funcionalidade dos membros dos equinos formam um conjunto harmônico essencial de cada estrutura. O estojo córneo ou úngula dos equídeos, chamado comumente de casco, é uma estrutura com funcionalidade complexa correspondendo a unha do homem e que reveste a extremidade digital do membro locomotor. É dividida em três partes, sendo elas parede, sola e cunha.
Os cascos são a base da proteção, sustentação e propulsão dos equídeos e também sede várias enfermidades e por isso, necessita de manutenção adequada, dessa forma, é importante conhecer a morfologia de cada espécie para orientar corretamente o casqueamento periódico; onde deve ser realizado no tempo correto, para proporcionar o ajustamento ideal dos mesmos, oferecendo maior conforto e melhor aprumo ao animal, além do ferrageamento dos cascos, preservando a integridade de suas estruturas quando esta trabalhando.
O pé ou dígito do equino é equivalente ao dedo médio humano, constituído de três ossos conhecidos como primeira, segunda e terceira falanges. O casco envolve a terceira falange, o osso navicular faz parte da segunda falange, sendo uma estrutura especializada, projetada para resistir ao desgaste, suportar o peso do animal e absorver o impacto, reduzindo assim o surgimento de injúrias no aparelho locomotor. A irrigação sanguínea do casco é feita pela artéria digital palmar, oriunda da bifurcação da artéria palmar medial. A manutenção adequada desse fluxo é determinante para a saúde dos cascos.
O casco é hidrófilo, ou seja, absorve e perde liquido através da sua parede ou muralha que mesmo possuindo uma camada de verniz para sua proteção, auxilia nessa regulação. Essa serve de apoio para o animal, por isso deve ter largura suficiente para suportar o peso do equídeo e uma altura aceitável para que a sola seja preservada e não faça contato direto com o chão. A ranilha possui uma função muito importante, onde atua como elemento amortecedor do impacto e auxiliar na irrigação sanguínea para o interior dos cascos. Quando há alterações nas barras o impacto é absorvido pela ranilha ao invés de serem transmitidos para a muralha (parede) afetando assim diretamente os sistemas ósseos e articulares do membro.
Com o passar do tempo os equídeos foram se adaptando ao ambiente em que eram obrigados a viver sendo ele modificado em decorrer de seu desenvolvimento, pois, seus ancestrais não se moviam tão rápido e se perdiam da manada sendo vitimas fáceis para predadores, ocasionando assim uma maior adaptação desses animais iniciando assim o ato de galopar onde se locomoviam com mais agilidade e eficiência.
Resultando em consequências como maior desgaste dos cascos e lesões para o aparelho locomotor.
Os cascos tem variações quanto a sua morfologia entre as espécies, os equídeos diferem dos asininos e os muares apresentam morfologia intermediária entre duas espécies. Observamos também diferenças morfológicas entre o torácico que geralmente são maiores e mais oblíquos do que os cascos dos membros pélvicos.  Quando for selecionar um animal, seja para lazer, competição ou reprodução, uma avaliação da saúde  e capacidade funcional deve ser feita minuciosamente, para analisar se há presença  de alguma afecção no aparelho locomotor.
Estudos de biomecânica da locomoção dos equídeos comprovam que os métodos de casqueamento e ferrageamento, são errôneos e não respeitam as condições anatômicas ideias dos cavalos, mantem as pinças longas e os talões baixos. Isto acontece por falta de conhecimento, treinamento ou por modismo e é prejudicial a vida útil dos vários tecidos que compreendem o sistema locomotor, diminuindo a performance e a vida útil dos equídeos atletas. As estatísticas mostram que, de cada 100 problemas diagnosticados no aparelho locomotor, 80% estão nos membros torácicos e a grande abaixo do joelho. A grande causa é a falta de alinhamento do sistema digital devido ao ângulo do casco menor do que o ângulo da paleta com a horizontal.
Os aprumos refletem o equilíbrio, distribuição de peso e força para cada membro, ocasionando estabilidade ao animal. São proporcionados pelos eixos ósseos e angulações  articulares. Muitos estudos avaliam o equilíbrio geométrico dos cascos nos equídeos em treinamento, maioria deles afirma que o desequilíbrio dos mesmos pode ser responsável pela caudicação (manqueira). Foram registradas nove medidas nos cascos dos membros torácicos: ângulo da pinça, circunferência na banda coronária, comprimento lateral e medial dos talões e quartos comprimento da pinça, comprimento e largura da ranilha. As mensurações permitiram a identificação das seguintes alterações: 87,61% apresentaram talões contraídos, 49,48% desequilíbrio médio-lateral, 23,71% ângulos de cascos contralaterais diferentes e 11,37% tinham o eixo quebrado para trás. A frequência de alterações no casco de cavalos sugere que as práticas de casqueamento e ferrageamento adotadas devem ser revisadas e melhoradas.
O processo deve ter inicio com o animal ainda potro, entre 2 a 3 meses de vida e a manutenção deve ser frequente, a cada 30 ou 40 dias, pois os cascos crescem aproximadamente 0,5 cm por mês. Variações na velocidade do crescimento esta relacionada na vascularização do local, podendo formar linhas ou anéis na horizontal. Potros recém nascidos geralmente possuem cascos pontiagudos, estreitos e flexíveis, o qual cresce em poucos dias permitindo o inicio do desenvolvimento do verdadeiro casco. Um exame e manutenção frequente dos cascos em potros irão auxiliar para seu perfeito desenvolvimento.
Devemos também nos preocupar com a higienização dos cascos, pois com ela prevenimos manifestações de doenças. Alem de fornecer conforto aos animais, ajuda a detectar precocemente eventuais problemas que possam existir. Sempre tomando muito cuidado com a contenção do mesmo, pois, algumas pessoas sentem dificuldade para que o cavalo obedeça os comandos. Esse manejo deve se tornar um habito diário, desse modo o animal vai se acostumando e aceitando cada vez mais essa prática.
Para fazer a limpeza dos cascos deve se tomar algumas medidas para a segurança, onde a contenção é essencial, por isso uma pessoa experiente segurando o animal é extremamente importante. Antes de mexer nos cascos dos equídeos deve primeiramente manter um contato com a parte superior do animal, evitando acidentes envolvendo coices ou outras esteriotipagens. Não se deve deixar objetos como baldes, cestos de lixo ao redor ou até mesmo ficar sentado próximo ao local de  trabalho. É indispensável a paramentação adequada, com calças de tecido grosso e botas. Se o animal estiver incomodado com a presença de insetos é indicado a utilização de repelentes em spray de citronela ou cravo. O material usado geralmente é o limpador de casco podendo ser de metal ou plástico, alguns possuem escova para fazer facilmente a limpeza.
A técnica “segura e empurra” é habitualmente usada onde se empurra a espádua do cavalo deslocando seu peso para o outro membro, podendo assim pegar a mão do animal. Para manipular o membro torácico dos equídeos inicie se posicionando corretamente, ficando em pé ao lado do animal. Quando o cavalo já estiver acostumado, ele logo erguerá a mão. Já no membro pélvico o processo é semelhante ao do torácico, um pouco mais complicado devido a conformação anatômica da região do jarrete. Posicione-se de pé ao lado da garupa na altura da anca do cavalo. Levantando o pé para frente, e depois projetando para trás. É importante ficar próximo ao animal, pois caso ele se altere e tente coicear, provavelmente levara apenas um empurrão.
Tornando esse habito diário, a prevenção de algumas doenças poderão ser prevenidas e consequentemente evitadas, levando em consideração todos os cuidados necessários para manusear o animal.
Dessa maneira iremos melhorar a qualidade de vida e a performance na função que o animal é utilizado.




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